segunda-feira, 1 de junho de 2009

MILITÂNCIA APOSTÓLICA E O CARISMA DE PREGAÇÃO


(James Apolinário - Coord Minist Estadual Pregação - RCC-CE)

“Tu, portanto, meu filho, procura progredir na graça de Jesus Cristo. O que de mim ouviste em presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis que, por sua vez, sejam capazes de instruir a outros. Suporta comigo os trabalhos, como bom soldado de Jesus Cristo. Nenhum soldado pode implicar-se em negócios da vida civil, se quer agradar ao que o alistou. Nenhum atleta será coroado, se não tiver lutado segundo as regras. É preciso que o lavrador trabalhe antes com afinco, se quer boa colheita. Entende bem o que eu quero dizer. O Senhor há de dar-te inteligência em tudo.” II Tm 2, 1-7

À luz das encíclicas de São Paulo aos Efésios e a segunda à Timóteo, gostaria de tornar evidente a expressão da Militância Apostólica na missão do pregador hoje. Partindo da definição das palavras que já nos dará etimologicamente um norte a nossa reflexão:

Militantismo ou Militância é ação do militante, alguém politicamente engajado por uma causa e ainda Militar deriva do latim ("...andar em mil" homens...) sem contar que muitas vez estamos só na missão, porém fazemos por mil homens a nossa função, fazendo parece que somos muitos, como Deus vê na pessoa de Jacó o povo de Israel. O apostolado é próprio dos apóstolos cristãos que traduz "enviados" (como indicado pela palavra grega ἀπόστολος, apóstolos) estes enviados por Jesus para pregar o Evangelho, inicialmente apenas aos judeus eram chamados ao apostolado e depois também aos gentios, em todo o mundo como hoje os somos.

É constitutivo da missão da Renovação Carismática Católica um chamado específico e próprio, que alguns anos atrás, foi traduzido como o “sacramento permanente da graça de Pentecostes na igreja”, e que de fato permanece! por assim dizer, somos um movimento que caminha sob a luz do Espírito Santo e que precisa ser, como um sacramento, um sinal sensível, palpável e eficaz na missão e na voz profética da igreja. Como o militante é aquele que defende uma causa, como já definido, isso significa que somos chamados a assumir o pentecostalismo em nossa forma de servir e defendê-la pelo testemunho de nossa identidade, unidade e missão. A nossa missão é sermos no mundo o rosto e a memória de Pentecostes nas realidades Ad-gentes, nos esforçando para um único fim que é implantarmos no mundo a cultura de Pentecostes.

João Paulo II, de saudosa lembrança, em sua encíclica Reconciliatio et Paenitentia, nos diz que esse esforço significa “o esforço concreto e cotidiano do homem, amparado pela graça de Deus, por perder a própria vida, por Cristo, como único modo de ganhá-la: esforço por se despojar do homem velho e revestir-se do novo; por superar em si mesmo o que é carnal, para que prevaleça o que é espiritual; e esforço por se elevar continuamente das coisas de cá de baixo para as lá do alto, onde está Cristo.” Que fica bem evidente nas palavras de Paulo quando diz: procura progredir na graça de Jesus Cristo.

Na historicidade da segunda carta de Paulo à Timóteo, vemos alguns critérios que devemos observar ao avaliarmos a militância apostólica. Essa é uma das cartas bastante pessoal escrita pelo apóstolo Paulo, escrita de coração ao seu amado discípulo como ele mesmo muitas vezes expressa “a Timóteo, filho caríssimo” v. 1,2. Ele a escreveu do cárcere em Roma. Quando ele escreveu essa carta, dando algumas orientações, Timóteo já era uma pessoa bastante experiente: ele já havia realizado muitas viagens, pregado o evangelho em diversas cidades, estabelecido várias igrejas, sofrido incontáveis perseguições, conquistado inúmeras vitórias, passado por diversas desilusões e desenvolvido muitos projeto de evangelização. Nesse momento, já no final da vida, Paulo oferece algumas orientações a Timóteo, seu filho na fé para despertar ainda mais seu ardor missionário, colocando em macha.

Suporta comigo os trabalhos, como bom soldado de Jesus Cristo soa como um clamor de Paulo para MARCHAR, MARCHAR SEM PARAR FILHO AMADO que impacta na alma do jovem cristão que era Timóteo que naquele momento estava debaixo de muitas pressões. Uma cidade onde ele vivia era extremamente corrompida e em meio a tantas festas, orgias e tentações, ele estava lutando para manter-se puro dado testemunho de um evangelho velado. Além dessa luta, situação e pressão externa, Timóteo sofria com algumas questões dentro da própria igreja. Havia na igreja onde ele pastoreava pessoas com diversos problemas: cristãos preocupados com debates e discussões, outros distorcendo o evangelho, pessoas envolvidas com o pecado, homens seduzindo mulheres e ainda cristãos abandonando a fé. Todas essas situações estavam deixando Timóteo confuso e com vontade de desistir da missão.

O desempenho da missão evangelizadora pede, de cada um de nós, uma profunda vivência de fé, fruto de uma experiência pessoal de encontro com a pessoa de Jesus Cristo, em seu seguimento. Nossa conversão pessoal nos possibilita impregnar com uma “firme decisão missionária todas as estruturas eclesiais e todos os planos pastorais […] de qualquer instituição da Igreja”,1 exigindo nossa conversão pastoral, que implica escuta e fidelidade ao Espírito,2 impelindo-nos à missão e sensibilidade às mudanças socioculturais, animada por “uma espiritualidade de comunhão e participação”.3 (1. DA, n. 365. 20 DA, n. 366. 21 DA, n. 368) - Doc. 87 §8

É evidente que servi com dedicação, como servos do Senhor e não dos homens (Ef 6,7) requer de nós, ministros da pregação, uma tomada de consciência para o bom exercício do nosso carisma, que implica escuta e fidelidade ao Espírito e precisamos efetivamente combater com todas as armas contra ações contrárias à voz do profeta. Por isso, Paulo com a sua experiência de vários anos de serviço a Cristo no evangelho escreveu essa carta a nós pregadores. Nessa carta, ele chama Timóteo e cada uma de nós a olhar para trás e avaliar a vida missionária.

Avaliar a nossa vida missionária, lembrando-nos das pessoas que estão na missão, comunidades e grupos de oração. Timóteo que estava confuso e desanimado, achando-se esquecido e abandonado, Paulo diz: Nenhum soldado pode implicar-se em negócios da vida civil, se quer agradar ao que o alistou. Nenhum atleta será coroado, se não tiver lutado segundo as regras. É preciso que o lavrador trabalhe antes com afinco, se quer boa colheita. O que mais importa na vida do profeta não é o que seu ministério lhe proporciona como pessoa, os resultados do trabalho, as conquistas, o que mais importa são as almas conquistadas para Deus, são mais importantes que as posições sociais, o dinheiro, a vaidade e o conhecimento. É tido como esterco, a fim de ganhar Cristo e estar com Ele (Fl 3,8). Estamos vendo que a história está repleta de pessoas que foram ricas, bonitas, inteligentes, famosas e que, no final da vida, ao fazerem sua auto-avaliação, reconheceram que foram extremamente infelizes e solitárias. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á.

“Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares. Tomai, por tanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever. Ficai alerta, à cintura cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da paz.. Sobretudo, embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai, enfim, o capacete da salvação e a espada do Espírito, isto é, a palavra de Deus. Intensificai as vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos.” Ef 6, 11-18

A armadura é uma vestimenta militar medieval que não permitia muita flexibilidade, porem dava ao soldado muita firmeza e segurança. Diria que é um revestisse de uma nova e completa unção que nos permite, assim como Timóteo, avaliar a nossa missão pela história da nossa fé e engajamento para que mesmo passasse por um momento extremamente difícil, lutaremos revestido do poder do alto! Por isso, o que efetivamente nos torna parte do corpo que é a igreja? A nossa fé e vida com Cristo que estão sendo confrontados pelas pessoas e pelos padrões do mundo todos os dias? Digo que não! Esse confronto diário estava trazendo bastante inquietação para nós pregadores nos uma inquietação interior, não a ausência de paz, porém um fogo que é próprio de Pentecostes que nos inflama a militar no fronte de batalha, onde acontecem as mais sangrentas batalhas, pois ainda não tendes resistido até o sangue, na luta contra o pecado. (Hb 12,4).

Precisamos nos lembrar, de que não é o fato de crermos em obra e palavras que Cristo realiza em nós e por nós o seu projeto de salvação e impulsionado pela emoção, no ímpeto, e, nem para impressionar qualquer tipo de pessoa, nem por ter crido para ganhar alguns pontos com os outros que estavam se convertendo. Na verdade é da solidez da nossa vocação que precisamos nos lembrar de que somos chamados por Deus para cumprir um propósito específico, pois a vida e nossa missão seria avaliada a partir do cumprimento ou não dessa vocação. Por isso, nesse momento, eu preciso perguntar: Conseguimos sustentar o nosso chamado? Eu enterrei os meus talentos? Eu abandonei a minha vocação? Desistirei do meu ministério? Consegui perseverar, mesmo em meio às lutas? Diante de todos esses critérios, como está a minha militância? Professo que sim! Pois é o Senhor, vosso Deus, marcha convosco para combater contra os vossos inimigos e para vos dar a vitória. (Dt 20,4)! Por YHWH SABAOTH MARCHEMOS!!!

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